quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Presidente do Iêmen assina acordo com oposição para deixar o poder

O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, assinou nesta quarta-feira (23) na Arábia Saudita um acordo pelo qual ele entrega os poderes no país, depois de 33 anos no comando. A informação é da TV estatal saudita, que mostrou imagens de Saleh assinando o acordo, que foi mediado pelas monarquias árabes, na presença do rei saudita Abdullah e do príncipe Nayef. Oposicionistas assinaram o documento logo em seguida. Saleh prometeu uma "parceria real" com a oposição na implementação do acordo patrocinado pelo Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e pelas Nações Unidas, mas milhares de manifestantes voltaram a tomar as ruas da capital, Sanaa, para protestar contra a promessa de imunidade processual para ele e sua família, prevista no acordo. Saleh é mais um líder autocrático que deixa o poder na esteira da chamada Primavera Árabe, que já derrubou presidentes na Tunísia (Zine al-Abidine Ben Ali), no Egito (Hosni Mubarak) e na Líbia (Muammar Kadhafi). 

O presidente iemenita sai após dez meses de violentos protestos contra o seu regime, várias promessas de transição e outros tantos recuos. Ele se recusava desde abril a assinar o plano das monarquias árabes para resolver a crise do país. Pelo acordo desta quarta, o poder foi transferido ao seu vice, Abdrabuh Mansur Hadi, considerado um nome de consenso entre todas as facções políticas do país. Ele irá iniciar uma transição democrática. Saleh ganhou imunidade para ele e sua família e permanecerá 90 dias como presidente honorário. Ele deve ir de Riad a Nova York para tratamento médico, segundo teria dito a Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU. Saleh foi bastante ferido durante um atentado à mesquita do palácio presidencial, em Sanaa, em junho, e fez tratamento na Arábia Saudita antes de voltar a o Iêmen. O vice Haidi será eleito presidente de consenso por um período interino de dois anos. 

A oposição no Parlamento, que co-assinou o acordo em Riad, apresentará então um candidato para presidir um governo de unidade nacional, que será encarregado de dialogar com os jovens ativistas. Os meses de protesto praticamente paralisaram o pobre país do Golfo Pérsico. O vácuo de poder permitiu que o poderoso braço local da rede terrorista da al-Qaeda tomasse controle de territórios do sul do país, o que gerou alarme na comunidade internacional. Os EUA apoiam Saleh na luta contra o terrorismo. O governante, cujo mandato acaba no fim de 2013, é acusado de corrupção e de nepotismo por seus detratores.

Novos protestos
Apesar do acordo, partidários e adversários do governo continuavam se enfrentando nesta quarta em Sanaa. Os manifestantes que acampam há nove meses em Sanaa para exigir a saída do presidente rejeitaram o acordo e convocaram novas manifestações para quinta-feira. O comitê organizador dos jovens da revolução pacífica convoca uma manifestação gigantesca na quinta-feira para rejeitar o acordo assinado em Riad. "Ele não nos diz respeito", declarou à France Presse Walid al Amari, porta-voz dos manifestantes iemenitas.

Apoio da ONU
O secretário-geral da ONU afirmou que Saleh pediu que "a missão da ONU desse o apoio necessário" no processo de transição. "Eu disse a ele que as Nações Unidas não economizarão esforços e que, como secretário-geral da ONU, farei todo o possível para mobilizar os recursos necessários e o apoio para que a paz, a estabilidade e a ordem democrática seja restaurada no Iêmen", afirmou.

EUA celebram
Os Estados Unidos comemoraram o acordo, afirmando que este é um "passo significativo". "Os Estados Unidos aplaudem o governo iemenita e a oposição por chegar a um acordo para uma transição pacífica e organizada do poder", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner. O acordo marca "um passo significativo para o povo iemenita", completou. O presidente Barack Obama celebrou a notícia e disse que o Iêmen tem a chance de passar por uma "transição histórica". 

Fonte: Portal G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário