Em
uma greve, os prejuízos causados à população são imensuráveis. Como
normalmente elas paralisam por tempo indeterminado algum serviço
público, a população é a principal prejudicada. Afinal, o patrão do
servidor público é o povo. Não é para menos que 2011 está sendo um ano
atípico. Hoje, domingo, 13 de novembro, o ano vive seu 317º dia, dos 365
que totalizam o calendário. Até agora, durante o corrente ano, em pelo
menos 244 dias houve greve de algum serviço público, conforme
levantamento feito por O Poti/Diário de Natal. Ou seja, em 2011 algum
serviço só não ficou paralisado durante 73 dias. Foi a folga dada pelos
grevistas aos governantes de plantão.
O período mais acirrado ocorreu entre junho a agosto, quando 14 categorias pararam de uma só vez |
Realizadas
tanto em nível federal (UFRN, IFRN, Judiciário), quanto estadual
(professores, médicos, policiais civis, funcionários da administração
indireta) e do município (coveiros, fiscais de transporte, motoristas de
ônibus), as greves de 2011 causaram prejuízos imensuráveis. Algumas
categorias, insatisfeitas com o Governo do Estado, por exemplo, chegaram
a fazer duas paralisações ao longo do ano. Foi o caso Emater, Fundação
José Augusto e Detran. O economista Zivanilson Silva,da UFRN, é contra
as greves porque diz que elas trazem prejuízos imensuráveis ao
desenvolvimento econômico do Estado. "A greve não é um negócio bom para
ninguém", costuma dizer.
Greve
é um instrumento de pressão válido para conseguir benefícios. Os
governos normalmente relatam que não é preciso partir para a medida
extrema, às paralisações. No entanto, apenas com diálogo raramente o
funcionalismo - especialmente o público, consegue um aumento salarial,
em geral a causa mais defendida nas greves. À pedido da reportagem,
professor Zivanilson Silva fez uma estimativa de prejuízo em duas áreas:
a bancária e a da saúde. "Uma repartição na área de saúde que paralise
suas atividades por uma semana, equivale ao prejuízo de um mês que o
governo terá, porque vão aumentar os gastos com deslocamento para outras
unidades e no próprio atendimento, que não será feito pelos
profissionais do próprio quadro. Ou seja, uma semana de paralisação
representa o prejuízo econômico de um mês inteiro", avaliou.
Prejuízos
Não
há grevesem colégios particulares, em shopping centers, em hotéis,
clubes de futebol, bares e casas noturnas. Raramente a iniciativa
privada assiste às greves, pois seus funcionários correm o risco de
perder o emprego. Já no setor público a realidade é outra. Raro é o ano
letivo em que não há greve nas escolas da rede pública de ensino, e
ainda entre os servidores da saúde, educação, limpeza pública e bancos.
Ainda assim, a greve no serviço público faz sentido. Como a população
paga os impostos cujo valor desemboca no contracheque dos funcionários
públicos, o povo é o patrão, e é o povo quem deve ser prejudicado.
Essa
lógica é observada pelo cientista político e professor da UFRN Edmilson
Lopes como um prejuízo. "Algumas vezes as greves expressam
reivindicações corporativistas e que se chocam com os interesses da
população. É o caso de algumas greves do serviço público, que prejudicam
serviços essenciais. Embora sejam legítimas, elas causam extremo
prejuízo para a população", avalia. "Nesse ponto, é importante observar:
a greve é a forma de luta ideal para a conquista dos objetivos, ou não
haveria outra forma?", questiona. "Quem termina pagando o custo é a
população mais pobre, que utiliza os serviços públicos paralisados".
No
caso das greves bancárias, os bancos fechados representam compromissos
não realizados pelos clientes do banco. "Os juros de mora por causa das
contas em atraso são causados pelos grevistas. São juros que não têm
como serem ressarcidos. Nós costumamos comparar os prejuízos da greve
com os prejuízos dos feriados. A cada feriado, assim como a cada dia
paralisado com uma greve, o prejuízo médio é de R$ 120 milhões de
despesas anuais. Isso por causa de um único dia. Imagine multiplicados à
quantidade de paralisações que houve aqui no Estado", revela o
professor Zivanilson Silva.
De
acordo com o economista, a greve deveria ser o último instrumento
utilizado pelas categorias para buscar um entendimento com o seu patrão -
o governo, que é o gestor dos recursos públicos. "Mas muitas vezes ele é
o primeiro. Oque observamos é que, antes de chegar à negociação, já se
declara greve. A economia do Rio Grande do Norte perdeu muito com a
grande quantidade de greve que houve no Estado esse ano", opina o
professor.
Fonte: DN Online
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