Acredito que os resultados que obtemos, em qualquer área da nossa vida, decorrem directamente da nossa maneira de pensar e respectiva consequência nas escolhas que fazemos. Não é aquilo que acontece que determina o nosso futuro, mas sim a forma como respondemos a isso. Pense bem!
Marketing político: a diferença entre ganhar e perder
Ao analisar a campanha de um candidato derrotado muitos “marketeiros” se prendem à miopia da superficialidade revelada nas pesquisas, aos segmentos sociais, a fatos isolados que se desenvolvem durante a campanha. Agarram-se a qualquer evidência e defendem verdadeiras teses. São os “Nostradamus do marketing”, aqueles que solucionam todos os problemas da campanha que passou.
Na realidade, marketing político se vive no dia-a-dia, estudando, pesquisando e aplicando teorias de diversas correntes das ciências da comunicação ao corpo político. É um segmento profissional delicado feito de tentativas e erros, o que chamamos de experiências científicas feitas em laboratório e campo.
Observo que muitas campanhas são feitas sem valor e significado para o eleitorado. Pecam pelo excesso de informação, desconhecimento e erros que destroem e jogam na lama a imagem de políticos tradicionais, considerados até mitológicos. Ao iniciar uma campanha é preciso ter em mente que a duração e o desenvolvimento da campanha têm seus impactos comunicacionais na sociedade. Positivo e negativo. Também que o complexo processo de comunicação e entendimento tem de ser percebido na sociedade e no produto. Ou seja: ao consumidor, uma política de comunicação, ao marketing, política de estratégia, e à publicidade, política publicitária, de opinião pública, etc. Qualquer desvio desta relação triádica dificulta o entendimento do signo campanha.
Considero quatro pontos fundamentais específicos que não podem ser negligenciados e que na grande maioria das campanhas são. É importante salientar que nestes pontos, acredito, que se faça presente a estreita diferença entre o marketing político e o de produtos/comercial. Então nem sempre uma agência de propaganda focada na publicidade comercial tem estrutura para fazer uma campanha política. São coisas diferentes.
A primeira grande questão, a saber, é qual cargo político o candidato vai postular. Campanhas legislativas são diferentes das executivas. Outro grande erro. As campanhas, na maior parte do País, são feitas com as mesmas estratégias. A segunda é a que grupo político o candidato está inserido. A terceira é o partido a que pertence e a quarta sua plataforma ideológica.
Um exercício simples. Pense em uma campanha em sua cidade e aplique estas considerações. É possível entender a derrota ou vitória de um candidato de forma mais ampla, sem crendices. Esta contextualização oferece visão política e vital para a compreensão e ponto de partida para a formulação de um conceito discursivo estratégico. Em outras palavras, estas idéias oferecem respostas às seguintes questões: Para quem eu vou falar? Quem são as pessoas que me apóiam? Qual é minha ideologia? Qual meu segmento positivo e negativo? Preciso trabalhar mais de um segmento? Essas e outras questões são muito importantes na hora de definir uma política de marketing. Partidos e candidatos nos Estados Unidos trabalham estes pontos apoiados a estudos sérios.
Lá o candidato escolhe seu profissional de marketing com a mesma seriedade que nós escolhemos nosso médico. É uma relação de respeito a ele e a sua equipe que desenvolve a campanha. Estabelece-se uma relação de confiança. Ganhar ou perder faz parte do jogo. Aqui no Brasil a maioria dos candidatos ou é guiada pelo preço ou ele mesmo monta sua equipe. No grupo onde todos são “entendidos” a campanha vira um emaranhado de cópias e estratégias de outras campanhas. Dá certo? Por mais incrível que possa parecer até dá e é por isso que temos tantos “marketeiros” e técnicos de futebol atuando no Brasil, principalmente nas horas vagas.
Diógenes (Didi) Pasqualini é jornalista, especialista em Marketing Político e Propaganda Eleitoral e Mestrando em Comunicação e Semiótica.