A Polícia Civil do Rio Grande do Norte mantém as diligências para localizar e prender uma oitava pessoa suspeita de integrar uma quadrilha que falsificava cartões de mortos e aplicava golpes no comércio de todo o país. A atuação desse bando foi mostrada na edição deste domingo (26) do Fantástico.
Ao todo, a polícia cumpriu sete dos oito mandados de prisão expedidos pela Justiça potiguar. As prisões foram feitas na sexta-feira (24) e no sábado (25), quando foi deflagrada a operação Outras Faces. Cinco dos presos foram localizados em Natal. Os outros dois, em Jaboatão dos Guararapes, PE.
Em entrevista coletiva concedida na manhã de ontem (27), a polícia divulgou o organograma da quadrilha e os nomes dos supostos integrantes. O grupo é liderado por Clovis Alberto Almeida de Araújo. Ele, de acordo com a polícia, era responsável pela compra de veículos em nome de pessoas falecidas e pela abertura de empresas fantasmas. O braço direito dele era Tiago Soares da Cruz, que obtinha os cadastros das pessoas falecidas.
Também foram presos Jorge Inoue, que simulava ser proprietário de uma empresa fantasma para comprar produtos pela internet; Gleice Kelly de Almeida Araújo, suspeita de cometer o mesmo crime; e Iram Carlos da Silva, que fazia compras para a quadrilha por telefone e pela internet.
Ainda nesta segunda, os policiais civis do Rio Grande do Norte cumpriram um mandado de busca e apreensão na cidade de Parazinho, distante 116 quilômetros de Natal. O alvo foi uma empresa que, segundo o delegado Ben-Hur Cirino de Medeiros, foi aberta pelos supostos criminosos com o objetivo de fazer compras em todo o país. No local, a polícia apreendeu 33 toneladas de argamassa compradas pela quadrilha usando cartões de crédito feitos em nomes dos mortos.
De acordo com a matéria veiculada pelo Fantástico, a quadrilha, utilizando-se de dados confidenciais de pessoas mortas, solicitava que administradoras de cartão de crédito emitissem novos cartões. Segundo a polícia, todos os dados coincidem com os dos mortos. A exceção é o endereço indicado para a entrega desses cartões, que era dos membros da quadrilha.
Todos os mandados, assinados pelo juiz da 4ª vara Criminal de Natal, Raimundo Carlyle, são de prisão temporária. O delegado Ben-Hur Cirino antecipou que vai pedir que algumas dessas prisões se transforme em temporária, mas não disse de quem seriam.
A quadrilha agia falsificando cartões de crédito de pessoas ricas. De acordo com a polícia, para levantar esses nomes, o bando acompanhava telejornais e fazia pesquisas na internet. "As vítimas são os bancos e as administradoras de cartão de crédito, que acabaram ficando com o prejuízo. Contra os mortos o que eles faziam era não respeitar o falecimento", explicou.
O delegado Ben-Hur Cirino disse também que ainda não pôde fazer o levantamento de quanto em dinheiro a quadrilha conseguiu fraudar. "A única coisa que posso dizer é que passa da casa do um milhão de reais. Não tenho como precisar agora porque ainda estamos apurando o tempo que esse bando agia", falou.
Mortos
O que se comprovou até o momento é que a quadrilha comprou uma caminhonete no valor de R$ 136.500 em nome do empresário Fernando de Arruda Botelho, acionista do grupo Camargo Correa. Ele morreu no dia 13 de maio deste ano, vítima de um acidente aéreo em São Paulo. “Eles pagaram R$ 19 mil de entrada, financiando R$ 166.500 junto a um banco. Após aprovação de cadastro, eles retiraram o veículo no mês de junho”, revelou Ben-Hur.
Os membros da quadrilha ainda requisitaram cartões de crédito em nome de Marcos Kitano Matsunaga (morto em 19 de maio deste ano), Fernando de Arruda Botelho (13/04/2012), Edmundo Pereira de Assis (31/12/2011), Romero de Oliveira Andrade (07/04/2012), João Batista Diniz (03/05/2012) e Luiz Gonzaga Leite Parazzo (26/06/2012), a partir das datas de seus falecimentos.
A quadrilha também financiou dois veículos em nome de Solleon Natos Tavares de Menezes, morto em um acidente de trânsito em 10 de junho deste ano, no Ceará.
Dinheiro quente
A reportagem do Fantástico mostrou neste domingo que a quadrilha usou um salão de beleza no bairro de Candelária, em Natal, para passar os cartões fraudados e levantar dinheiro. O mesmo acontecia em uma distribuidora de bebidas no bairro de Cidade Satélite, também na capital potiguar. Na manhã desta segunda-feira, o salão de beleza ficou fechado. Já a distribuidora funcionou normalmente.
Com informações do G1 RN
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